Poucos minutos depois de Valadares, comecei a sentir muito sono. Muito pelo almoço (quem mandou comer tropeiro com torresmo?!), e também pela hora que acordamos (desde 2h:15m). Procuramos algum posto só pra eu tomar um café e seguirmos viagem (hoje eu teria comprado um energético ou um capuccino gelado no próprio restaurante, se não tivesse algum no carro). Nem me recordo em qual paramos, mas foi uma parada bem rápida, de menos de 10 minutos. Como era um posto sem bandeira, não abasteci ali (também não me pergunte por que não abasteci no Cherokee, em Valadares – seria o suficiente para terminar a viagem), o que nos forçou a parar mais à frente, em Caratinga, onde fomos surpreendidos por um quebra-molas sem pintura. Acredito que, com a privatização (concessionária EcoRioMinas) do trecho entre Valadares e Jamapará (Sapucaia/RJ), tenha melhorado. Lá, paramos no Posto Esplanada apenas para abastecimento e seguimos viagem.
A paisagem já estava ficando amarelada, com as cores do pôr do Sol, e nos encaminhávamos pelas sinuosa BR 116, com belas paisagens, a caminho do entroncamento com a BR 262, que é um cruzamento simples, na altura de Realeza (Manhuaçu).
Ficamos alguns minutos aguardando para atravessar, já que a preferência é de quem vem pela BR 262. É um lugar repleto de grandes postos, mas, como já havíamos parado anteriormente, preferimos seguir direto até nosso checkpoint. A partir dali chegamos num trecho que eu tinha um certo receio, pela fama de perigoso desde a época que morava em Três Rios. Serra com pista única e histórico de acidentes… não tem como não temer.
Foram muitas curvas mesmo, e carros fazendo manobras arriscadas, na contramão, ou muito acima da velocidade. Tudo isso com a luz do dia cada vez mais escassa. Chegamos nas piores curvas já adentrando a noite e “prensados” entre carretas. Para evitar maiores riscos, preferi ficar com o carro passando com um lado sobre o acostamento e o outro na pista durante os trechos de descida, e assim foi até o fim da serra. Em Muriaé, o cruzamento com a BR 356 torna tudo muito confuso. É necessário ficar muito atento às placas para não pegar a saída errada. Passada Muriaé, estávamos mais próximos do que nunca de Leopoldina, nosso checkpoint.
Meus olhos começaram a ficar muito pesados, e eu não via a hora de chegarmos em Leopoldina para darmos uma pausa. Por segurança, já não fazia ultrapassagens e mantinha a velocidade a no máximo 80Km/h. Ao atravessarmos Leopoldina, paramos no Ponto de apoio Estrada do Sol. É uma parada rodoviária grande, com várias pessoas aguardando ônibus para embarcarem. Minha intenção nessa parada era reclinar a poltrona e tirar um cochilo de alguns minutos, para espantar um pouco o sono, mas a Ju estava com medo, então apenas entramos, compramos um expresso (daqueles de máquina) e saímos, ficando cerca de 15 minutos por lá. Isso foi pelas 19h, 19h:30m.
Saindo de Leopoldina, o Waze me apontava para pegarmos a BR 267 até Juiz de Fora, mas preferimos seguir pelo trajeto planejado (BR 116 e BR 393), pois já conhecíamos o trecho entre Além Paraíba e Três Rios e sabíamos que a estrada estava em boas condições (privatizada). Já não havia tanto movimento na estrada e começamos a notar uma luz no céu à nossa direita. Como era um trecho montanhoso, desconfiávamos de torre de celular, mas a luz continuou à nossa direita mesmo que fizéssemos curvas. Chegamos rapidamente em Além Paraíba para a travessia do Rio Paraíba do Sul. Estado do Rio de Janeiro!!! A partir dali era caminho muito conhecido, onde eu já tinha dirigido ou trafegado de ônibus várias vezes. Seguimos reto na rotatória onde a BR 116 e a BR 393 se separam, para atravessar Sapucaia. Alguns caminhões pareciam estar apostando corrida entre eles, com um ultrapassando ao outro seguidamente. Nos mantivemos a uma distância segura, sempre a no máximo 80 Km/h devido ao cansaço, mesmo que o limite da rodovia fosse superior (o que não era o caso). A luz no céu continuava sempre à nossa direita, e foi assim até quando paramos de observá-la, pela ansiedade da chegada. Nossa teoria é de que era nosso anjo da guarda nos acompanhando.
Enfim, Três Rios! Passamos pelas curvas de Bemposta, Moura Brasil, e pegamos a alça de acesso à BR 040 à direita. Em 20 minutos chegávamos na casa dos meus pais, finalmente (por volta de 21h:40m)! Nem descarregamos o carro de imediato. Deixamos para o dia seguinte. Agora era matar um pouco da saudade e descansar desses 2 longos dias de aventura, e planejar nossos próximos passos até a mudança para Belo Horizonte.
Fizemos cerca de 1185 Km. no segundo dia de viagem, entre Jequié/BA e Três Rios/RJ.
No total, foram aproximadamente 1975 Km percorridos em 2 dias, e apesar de toda a distância e dos riscos que corremos, não presenciamos ou passamos por nenhum acidente.