Eu disse que a viagem a São Miguel dos Milagres foi o ponto de virada em nossas vidas, não é?! Então… poucos dias depois, fui procurado para participar de um processo seletivo para uma empresa de Belo Horizonte. Foi entre julho e outubro de 2019, e acabei sendo aprovado. Por esta razão, tivemos que nos mudar para lá (home office ainda não era uma realidade). A Ju largou seu antigo emprego sem pensar duas vezes.
O Agile estava em uma condição bem ruim quando viajamos para Milagres, então fizemos uma revisão bem completa. Trocamos os 4 pneus, amortecedores traseiros e as pastilhas e discos de freio dianteiros, que estavam em fim de vida. Ele também ganhou um belo banho no lava-jato, para viajar bem bonitão, e um tanque cheio de véspera, para não precisarmos procurar posto tão cedo durante a viagem.
Como não levamos móveis ou mudança para BH, tudo foi transportado no carro. Roupas, roupas de cama, impressora multifuncional e uma TV de 50”. Ainda não tínhamos o Matheus na época, então foi possível rebatermos o banco traseiro para termos ainda mais espaço. A TV foi de pé, atravessada, apoiada nos bancos dianteiros. Os demais itens foram acomodados em todo o espaço restante, e coberto por um pano com amarras, para nada ficar solto, respeitando a altura do vidro traseiro evitando eventuais problemas com fiscalização da PRF. Com tanta coisa no carro, faltou espaço para levarmos uma caixa térmica e lanches, então teríamos que comer pelo caminho.
Por razões estratégicas, não iríamos diretamente para BH, mas para a casa dos meus pais, na divisa RJ/MG. O que precisássemos resolver naquele intervalo, viajaríamos até BH pontualmente, até a mudança definitiva. Eu iniciaria no novo emprego em 18/11, e iniciaríamos a viagem em 27/10, um domingo, o mais cedo possível.
Nas vésperas, busquei várias dicas de viajantes da Internet. Uma delas era fazer um roteiro com pontos de parada possíveis a cada x Km, e alternativas próximas. Fiz exatamente como ensinaram, com uma busca por postos, restaurantes e hotéis próximos às estradas em que iríamos passar. Foram 3 programações. Uma com paradas a cada 220 Km (para fazermos a viagem em 3 dias); outra com paradas a cada 280 Km (que poderíamos fazer a viagem tanto em 2 quanto em 3 dias, conforme nossa disposição); e uma terceira, com paradas a cada 330 Km (o que tentaríamos seguir à risca, para 2 dias de viagem). Na programação, seriam sempre 3 trechos diários de mesma quilometragem. Fiz uma vasta pesquisa pelo Google Maps por todo o percurso, pesquisando os locais de parada. O critério era sempre ter mais de 100 avaliações, e nota média acima de 4. Isso funcionou? Hum… Não perca as cenas dos próximos capítulos! – Nossa ideia de fazer o trajeto em 2 dias era puramente por economia. Menos um dia na estrada era menos 1 hotel para dormirmos, menos refeições na estrada, etc… Quanto mais gastássemos, mais nos apertaríamos no nosso recomeço em BH. Outra “regra” era viajarmos sempre à luz do dia. Se começasse a escurecer, pararíamos no hotel mais próximo que estivesse no roteiro.
A rota escolhida seria a mais curta e rápida: BR 101 até a proximidade de Feira de Santana/BA; BR 324 até o anel viário de Feira, BR 116 até Jamapará (Sapucaia/RJ), BR 393 até Três Rios/RJ, e BR 040 até a divisa com MG, onde meus pais moram.
Com o carro abastecido e carregado na noite do sábado, fui ligar para posicioná-lo na garagem, e… a lanterna esquerda não acendia (estava funcionando na hora que voltou do lava jato). Como já estava muito tarde e com tudo preparado para sairmos, deixamos quieto (passava das 22h quando terminamos tudo e os parentes da Ju que vieram se despedir foram embora de casa – nossa previsão era de acordarmos as 4h). Já não tinha mais o que fazermos, e seria tarde demais para desistirmos por causa de uma lâmpada. Por sorte não seríamos parados.
Por fim, fomos nos deitar ansiosos e preocupados com nossa primeira grande aventura que iniciaria, e que tratávamos como um reinício para nós, após vários anos de dificuldades, cumprindo tudo aquilo que pedimos nas águas de São Miguel dos Milagres meses antes.